Entrevista com Sebastião Guedes, vice-presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC)
Paulo Palma Beraldo
O assunto hoje é pecuária. E para falar sobre isso, o De Olho no Campo fez sete perguntas para Sebastião Costa Guedes, vice-presidente de relações internacionais e coordenação da cadeia produtiva do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC).
Médico veterinário formado pela USP, Sebastião trabalhou na Bayer por 29 anos . E tem vasta experiência em sanidade animal.
O assunto hoje é pecuária. E para falar sobre isso, o De Olho no Campo fez sete perguntas para Sebastião Costa Guedes, vice-presidente de relações internacionais e coordenação da cadeia produtiva do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC).
Médico veterinário formado pela USP, Sebastião trabalhou na Bayer por 29 anos . E tem vasta experiência em sanidade animal.
De 1998 ao inicio de 2012 foi eleito e reeleito diretor da IFAH - International Federation for Animal Health, entidade mundial da indústria de produtos para saúde animal, com sede em Bruxelas, Bélgica.
Na conversa abaixo, Sebastião falou sobre os desafios da pecuária no futuro, os custos da produção, sanidade animal e métodos para incrementar o consumo de carne no país, estimado em 43kg/ano por habitante.
Na conversa abaixo, Sebastião falou sobre os desafios da pecuária no futuro, os custos da produção, sanidade animal e métodos para incrementar o consumo de carne no país, estimado em 43kg/ano por habitante.
Apesar de o preço da arroba ter subido, os custos da produção também aumentaram, especialmente em relação aos insumos. Como o setor deve trabalhar para que a pecuária continue sendo uma atividade viável tanto para grandes quanto para pequenos pecuaristas?
Realmente, alguns insumos subiram muito. A desvalorização do real vai impactar ainda mais, pois a maior parte dos ingredientes ativos é importada.
Realmente, alguns insumos subiram muito. A desvalorização do real vai impactar ainda mais, pois a maior parte dos ingredientes ativos é importada.
Também derivados de petróleo paradoxalmente sobem no Brasil. Isto levará criadores a pesquisar melhor os preços. E a comprar em grupos. Usar produtos similares e buscar orientação técnica para programas profiláticos mais adequados a cada região.
Uma das preocupações em relação ao consumo de carne bovina é o sofrimento dos animais no abate. Existem frigoríficos que se diferenciam de outros por práticas adotadas? E também outros que só cumprem o que está previsto em lei, mas poderiam fazer mais?
A orientação técnica pode levar à redução de consumo de antibióticos. O bem estar animal cresce como exigência dos consumidores. A OIE (Organização Mundial da Saúde Animal), o IMS (Secretariado Internacional da Carne) e as firmas procuram atender às novas exigências, mas deve haver um limite que evite exageros emocionais .
E as principais doenças?
A Aftosa requer um compromisso ou pacto entre criadores e governos para programar a retirada da vacinação de muitos estados, desde que pré requisitos técnicos e operacionais sejam concretizados;
Raiva e Brucelose necessitam de melhor entrosamento entre governo federal (MAPA) ,governos estaduais (Secretarias de Agricultura)e entidades de criadores para melhor planejamento e execução.
No caso da Brucelose, mecanismo indenizatório principalmente a pequenos produtores ,cujos animais tiverem necessidade de serem sacrificados. O mesmo deve ser feito para casos de tuberculose.
Especialistas dizem que no futuro uma das maiores dificuldades da agropecuária será a escassez de mão de obra. Como estimular a formação de jovens dispostos a trabalhar no ramo?
Extensão rural é importantíssima. Valorizar o trabalho no campo e evitar a urbanização que incha a periferia das cidades.
Viver na área rural com os recursos modernos da eletrônica e informática é dar ao trabalhador e sua família um nível de vida incrivelmente melhor, mas o transporte escolar deve estar presente para as crianças e adolescentes.
Muitos americanos e europeus hoje preferem viver em suas propriedades rurais e isto chegará aqui.
A cadeia da pecuária é bastante ampla, envolvendo desde pecuaristas a fabricantes de gelatinas, empresas que usam o couro para produção de roupas etc. São mais de oito milhões de pessoas no setor. Como é possível integrar mais esses segmentos?
É difícil, mas programas de parceria principalmente entre pecuaristas e frigoríficos que remuneram por objetivos qualitativos são a chave para uma cadeia saudável e integrada.
Cada brasileiro consome em média 43 kg de carne bovina por ano e o mercado interno consome aproximadamente 80% da produção nacional. O que deve ser feito para melhor atender esse público e aumentar o consumo?
A melhoria da renda é essencial. Educação e divulgação para consumo de cortes adequados, muitas vezes de dianteiros, pode trazer incrementos. A gastronomia francesa deve ser melhor analisada e imitada quando possível.
A apresentação dos cortes no varejo melhorou muito principalmente nos supermercados, mas tem potencial enorme para evoluir nos açougues, principalmente nas periferias e cidades do interior. A identificação do sexo e idade do animal também ajudam na segmentação para as classes de maior poder aquisitivo.
O grande consumo de carne no mundo vai ser influenciado pelo oferecimento de produtos de fácil e rápida preparação. Os sanduíches com carne moída, tipo hambúrguer, também devem ser promovidos para o consumo das grandes massas.