'Brasil é uma das reservas da produção de alimentos', diz Francisco Turra, da ABPA
Reportagem: Paulo Beraldo
SÃO PAULO - O Brasil é hoje um dos principais países capazes de prover alimentos para o planeta. E, quando se trata de proteína animal, a importância é ainda maior. A opinião é do ex-ministro e atual presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
Estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) indicam que o mundo terá mais de 9 bilhões de pessoas até 2050 e o Brasil será um dos principais responsáveis por esse aumento.
Representante de um setor com números imponentes - o País produziu 12,82 milhões de toneladas de frango e 3,63 milhões de toneladas de suínos em 2018 -, Francisco Turra diz que o Brasil "é uma das reservas mundiais da produção de alimentos".
"O mundo necessita de alimento e o Brasil tem capacidade de fornecer. Proteína animal, ainda mais", afirmou em entrevista ao De Olho no Campo. "Temos a possibilidade de, sem devastar nada nem agredir o meio ambiente, aumentar muito a produção".
Francisco Turra foi ministro da Agricultura entre 1998 e 1999 no governo de Fernando Henrique Cardoso. Foto: Edi Pereira/ABPA |
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Questionado sobre os desafios do setor, alerta para a necessidade de criação de um sistema mais eficiente, moderno e ágil de fiscalização e controle da produção. "É importantíssimo, e não há muito recurso para isso". Ele diz ainda que a desburocratização na habilitação de plantas frigoríficas e a melhoria na infraestrutura logística são necessárias.
Em termos de pesquisa e inovação, o ex-ministro avalia que o trabalho da Embrapa Suínos e Aves, sediada em Concórdia-SC, tem sido "fundamental" para difundir práticas inovadoras que contribuíram para o desenvolvimento da atividade nos últimos anos.
Mercado externo
Francisco Turra diz que a abertura de novos mercados para a carne de aves, como Indonésia, Paquistão e Vietnã - em negociação -, será importante para elevar as vendas externas. Juntos, os três países somam 556 milhões de potenciais consumidores. Em 2018, o Brasil direcionou 9,8 milhões de toneladas para o exterior, o que o configura como o maior exportador mundial.
No segmento de suínos, as vendas externas totalizaram 640 mil toneladas. Uma das metas da ABPA é conseguir a abertura do mercado mexicano para o suíno nacional. "Os mexicanos consomem muito, exportam muito e importam muito", diz. O país tem 129 milhões de habitantes. Em 2019, o Brasil exportará também para Coreia do Sul e Índia, dois mercados com "enorme potencial".