'Em termos de sustentabilidade, fazemos muito e mostramos pouco', diz Nelson Ananias, da CNA

Reportagem: Paulo Beraldo
Foto: Paulo Beraldo

BRASÍLIA - Reforçando um discurso compartilhado por integrantes do setor agropecuário, o coordenador de sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias Filho, defende que a sustentabilidade da produção de alimentos do Brasil seja percebida e valorizada economicamente no País e no exterior. 
"Em termos de sustentabilidade, fazemos muito e mostramos pouco", diz ele, em entrevista ao De Olho no Campo na sede da CNA, em Brasília.
Segundo Ananias Filho, o Brasil tem aumentado a produção sem abrir novas áreas, tem uma legislação ambiental "completa" e a maioria dos produtores rurais cumpre as obrigações legais. 


Nelson Ananias Filho na sede da CNA, em Brasília. 
"Simplesmente cumprir o que é exigido fornece aos nossos produtos agropecuários um diferencial competitivo sem igual no mundo", defende. "Se trabalhamos com produtos que têm cotação internacional, é preciso repassar o custo dessa sustentabilidade", avalia. 

Nos últimos 50 anos, o Brasil passou de importador de alimentos para um dos mais importantes produtores e exportadores. Hoje, alimentos produzidos aqui vão para aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas no mundo. "Produzimos, por safra, o suficiente para alimentar o País por sete anos", acrescenta. 


Questionado sobre como melhorar a imagem do agronegócio brasileiro, ele responde que o caminho é através da demonstração de fatos e dados. 
"Não existe outro país em que é preciso reservar 20, 35 ou 80% da propriedade em florestas em prol da coletividade. Estamos investindo, recuperando passivos, florestas, e não temos um diferencial para vender a soja, o milho, não recebemos a mais por isso. Essa conformidade com as regras deve ser avaliada, divulgada e reconhecida, aqui e lá fora". 
O especialista diz que o Brasil deve ser mais agressivo na promoção de sua imagem e de seus produtos. "Temos esse ativo tão grande e não conseguimos que isso seja percebido e nem transformado em valorização monetária, isenção fiscal, ou uma ação que faça com que aquela responsabilidade que o produtor tem de preservar florestas seja valorizada. Hoje, quem paga isso é o produtor rural, mas uma parte dessa ação deveria retornar a ele como pagamento, seja financeiro ou não", avalia.