'Acordo UE-Mercosul é ruptura do isolamento do Brasil', diz Camila Sande, da CNA


Paulo Beraldo

SÃO PAULO - O acordo assinado entre a União Europeia e o Mercosul, fechado após negociações de quase 20 anos, foi significou uma maior abertura da economia brasileira e a "saída do isolamento" em que o País estava. Para além dos ganhos com esse acordo, há ainda seu simbolismo e a possibilidade fechar outras negociações em curso. 

"O Brasil sempre foi muito isolado no comércio internacional e esse acordo simboliza uma ruptura desse isolamento", afirmou Camila Sande, coordenadora de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), ao De Olho no Campo.
Dados do Ministério da Economia estimam que o PIB brasileiro ganhará US$ 125 bilhões graças ao acordo em até 15 anos. E Camila ressalta também o simbolismo do acordo. "Abre portas inclusive para que o Brasil consolide negociações que estão em andamento", disse, citando a Coreia do Sul, país com 51 milhões de habitantes e mercado consumidor importante. 

Camila Sande em palestra na CNA. Foto: Werderson Araujo

"O acordo tira a economia da inércia e nos dá inserção maior. É só o primeiro acordo grande. Esperamos outros", continuou, citando a região asiática, que possui 4,4 bilhões de habitantes e nações superpopulosas como China, Índia, Indonésia e Tailândia.  

"São países de grandes populações que estão tendo incremento de renda. E, com esse aumento no padrão de vida, a pessoa vai incrementar sua alimentação. O Brasil, como exportador de alimentos, tem grandes oportunidades de atender essa demanda". 

Camila Sande diz que o acordo também abre espaço para cadeias agropecuárias distantes da pauta tradicional das principais commodities, como soja, café e celulose. "Ele passa a integrar também pequenos e médios, com outros produtos como frutas". 

Ela defende que o País adote uma comunicação mais eficiente para mostrar o que é feito na agropecuária nacional, desde práticas como plantio direto, agricultura de baixo carbono e integração entre lavoura, pecuária e floresta. "O Brasil exporta para mais de 190 países. A gente não teria essa quantidade de mercados se não produzisse com sustentabilidade. Se temos esses mercados, é porque cumprimos. Dizer o contrário é não conhecer a realidade de produção nem o comércio agrícola global". 

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