'Em breve teremos nutrição de precisão', diz Augusto Adami, vice-presidente da DSM
Paulo Beraldo
SÃO PAULO - Responsável por cerca de 70% dos custos de produção de aves e suínos, a nutrição tem passado por mudanças importantes nos últimos anos que estão transformando o mercado. Para além da eficiência na conversão alimentar por quilo de ração consumido, a segurança do alimento, o melhor uso das informações dos animais e critérios de sustentabilidade também estão na ordem do dia. A avaliação é de Augusto Adami, vice-presidente de nutrição e saúde animal da multinacional holandesa DSM para o mercado da América Latina.
“A segurança do alimento é um item muito pautado pela indústria. No fim do dia, a proteína animal vira alimento para o consumidor, então é fundamental oferecer um produto que não tenha resíduos, com qualidade nutricional boa e que traga baixo ou nenhum risco”, disse em entrevista ao De Olho no Campo. A região latino-americana responde por 12% das vendas globais da DSM e o Brasil, por cerca de 6%.
Adami entende que a digitalização e o maior uso das informações coletadas, com sistemas automatizados, será capaz de elevar a produtividade nos próximos anos. "Teremos em breve uma nutrição de maior precisão, praticamente online, avaliando a qualidade nutricional dos grãos que entram na fábrica de ração e os adaptando para as necessidades do animal". Segundo ele, chegará também o tempo de personalização da nutrição na produção de proteínas animais.
Adami diz que outra preocupação norteadora das ações no setor é a sustentabilidade: produzir mais com menos recursos e intensificando o uso de tecnologias. Nesse quesito, exemplifica com enzimas que ajudam os animais a digerirem com mais facilidade grãos como soja, milho e outros cereais. “Com isso, o animal precisa de menor quantidade de grãos para produzir a mesma quantidade de carne”.
O dirigente diz que a indústria de nutrição também pode auxiliar na redução do desperdício de alimentos, estimado em 30%. A discussão ganha importância num contexto em que o planeta terá até 10 bilhões de pessoas nos próximos 31 anos.
Nesse ponto, Adami cita produtos que reduzem a oxidação de alimentos e são capazes de aumentar a vida útil e o tempo de prateleira. Diz, por exemplo, que na produção de ovos há um número considerável de quebras de casca que causam perdas. “É possível melhorar a qualidade da casca e aumentar a integridade desse ovo no transporte para chegar ao consumidor. Também é nosso papel atuar nessa área”.
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