Plataforma de inovação do agronegócio reúne 18 parceiros e seleciona startups

Paulo Beraldo

Uma plataforma de inovação do agronegócio vai reunir 20 startups do setor com investidores e empresários em Piracicaba, a capital das agtechs do Brasil, no interior de São Paulo, no próximo dia 5 de março. A seleção do Pontes para a Inovação, programa criado em 2017 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com parceiros privados, teve mais de 250 projetos inscritos de todo o País.

O objetivo é conectar investidores e ideias capazes de promover inovações no campo. Participaram multinacionais como Bayer, Syngenta e Corteva, fundos e aceleradoras como SP Ventures e Cedro Capital e hubs como o Food Tech Hub Brasil. No total, são 18 parceiros. O programa foi criado após a Embrapa detectar que uma das principais dificuldades das empresas nascentes é captar investimentos e ser sustentável financeiramente.

“A ideia do programa é fazer com que esse processo seja catalisado de uma maneira mais acelerada gerando benefícios para o produtor”, explica Daniel Trento, secretário de inovação da Embrapa.

Outra meta é levar o desenvolvimento do setor para outras regiões. O Sudeste concentra hoje dois terços das startups dedicadas ao agronegócio - de um total de 1.125. Capital humano qualificado, mercado consumidor elevado e disponibilidade de investidores explicam a situação.

“Por meio do Pontes, a Embrapa cria oportunidades aproximar empreendedores, investidores e empresas, desenvolver novos produtos, permitir o acesso a investimentos e acelerar o processo de transferência de tecnologias”, explica o presidente da Embrapa, Celso Moretti.

Foto: Adriano Brito/CNA 
A Embrapa tem estudado um modelo para conseguir receber recursos dos royalties das tecnologias que produz, para que esse dinheiro possa realimentar as pesquisas. Hoje, os royalties voltam para o Tesouro Nacional.

A escolha das 20 startups foi dividida em duas partes. Uma entre as unidades da Embrapa nas cinco regiões do Brasil, de onde saíram nove startups. As outras 11 empresas passaram por chamada aberta. Há empresas de mercados como leite, suínos, aves, soja, café, pecuária e também focadas em gestão - os nomes ainda não foram divulgados.

Parceiros
Para as empresas que apoiam, é uma oportunidade de encontrar soluções baratas, promissoras e capazes de resolver problemas localizados. É o caso da Bayer, cujo time de pesquisa e desenvolvimento atua em temas mais abrangentes globalmente, explica Renato Luzzardi, gerente de inovação e parcerias da empresa.

“É uma oportunidade de buscar soluções mais regionalizadas e customizadas para os clientes através das parcerias, associações e conexões com os ecossistemas de inovação e startups”, avalia.

Luzzardi cita a agilidade do processo criativo com inovação aberta e as próprias demandas internas de transformação digital como positivas. “Acredito que estamos senão no melhor, pelo menos em um grande momento para os ecossistemas de inovação.”

Douglas Ribeiro, diretor de marketing da Corteva Agriscience - resultante da fusão da Dow AgroSciences e da DuPont -, diz que aproximar novas ideias, descobertas e operações com a capacidade de escala da multinacional é positivo. “Por se tratar de um programa de inovação aberta, a qualquer momento podemos acionar as startups e, caso haja aderência nas soluções, optar pelo modelo de contratação, investimento ou até mesmo aquisição”, acrescenta.

Para Paulo Silveira, criador do Food Tech Hub Brasil, iniciativas similares auxiliam na transferência de tecnologia de pesquisa para a startups e elevam a qualificação das startups. “É uma forma eficiente de plugar a tecnologia da pesquisa com o mercado. E, além disso, tem o selo de credibilidade da Embrapa para o investidor”, explica ele, que vai organizar um fórum global em junho com food techs dos cinco continentes.